
Proposta do vereador Odair Quincote (Patriotas) quer tornar o 9 de julho em ‘Dia Municipal do Tiro Esportivo’ em Pouso Alegre, no Sul de Minas.
Segundo o projeto de lei, a celebração teria como objetivo “reconhecer a prática do esporte de tiro como atividade de lazer e de incentivo ao desenvolvimento de valores morais, sociais, e de aprendizado pátrio”.
O dia 9 de julho foi escolhido pelo político por ser a data em que o país conquistou sua primeira medalha olímpica na modalidade com o atleta Guilherme Paraense, nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, na Bélgica, em 1920.
O que mais diz o projeto
Além de eternizar o 9 de julho como data da celebração do tiro esportivo em Pouso Alegre, o projeto de Quincote propõe em seu artigo 2º que Câmara e Prefeitura possam “apoiar e realizar discussões, reuniões, palestras, aulas e seminários acerca do assunto, como forma de contribuir para a divulgação da modalidade e com o objetivo de incentivar a prática do esporte e o surgimento de novos atletas”.
Outra sugestão contida no projeto é que o poder público “poderá firmar convênios e parceiras com entidades ou instituições, públicas ou privadas, e outros órgãos, para a realização de eventos e atividades que visem a divulgação do tema”.
Proposta ocorre em meio à flexibilização do acesso às armas no Brasil
Parte da bancada de vereadores que representam a zona rural de Pouso Alegre, Odair Quincote acena com o projeto de lei para o eleitor conservador que lhe dá sustentação. A medida, porém, acaba sendo mais um movimento político que mira a popularização das armas no Brasil, embora pesquisas recentes, como a do Datafolha, do início de julho, apontem que dois terços dos brasileiros adultos são contra a posse de arma e 7 em cada 10 rejeitam a flexibilização das normas existentes.
Ainda assim, mais e mais pessoas têm tido acesso a armas no Brasil. De acordo com levantamento da Folha de São Paulo, com base na Lei de Acesso à Informação, o número de pistolas (que tiveram acesso facilitado para o público em geral pelo atual governo) liberadas pela Polícia Federal durante o governo Bolsonaro teve um avanço de mais de 170%. “Foram 108 mil novos registros de pistola em 2021, contra 40 mil em 2018, antes do atual governo”, registra o jornal.
Mas é na categoria festejada pelo vereador que o salto foi o mais pujante. Em 2015, caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) registraram 10,5 mil novas armas. Seis anos depois, em 2021, esse número saltou para 257 mil registros de novas armas.
Enquanto na visão do governo federal, sob Bolsonaro, e de parlamentares conservadores, a circulação de armas seria uma forma de garantir que cidadãos comuns possam se defender, especialistas em segurança pública apontam que a disseminação de armas, especialmente as mais modernas, com maior poder de fogo e disparos, devem criar ainda mais dificuldades para as forças de segurança.
“Tirar esses calibres da exclusividade das forças de segurança enfraquece a capacidade do policial e do Exército de combater criminosos armados, que agora têm condições de ter as mesmas armas alimentadas pelas mesmas munições”, disse à Folha de São Paulo Ivan Marques, advogado e membro do Fórum Brasileiro de Segurança.
Sinal do que pode estar por vir, nos últimos dias foi revelado pela imprensa que um membro do PCC comprava fuzis para a organização criminosa utilizando-se de um registro de CAC obtido junto ao Exército.
A confirmação do Exército quanto ao episódio não deixa dúvidas quanto à facilidade dos criminosos para operar a partir do novo marco legal das armas no país. “O cidadão apresentou a certidão criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais em conjunto com a autodeclaração de idoneidade, não havendo informações impeditivas para o prosseguimento do trâmite processual naquela oportunidade”, posicionou-se o Exército por meio de nota.
Após o caso vir à tona, o registro de CAC do criminoso foi cancelado. Ele o havia obtido em junho de 2021, mesmo sendo alvo de 16 processos em que responde por crimes como homicídio qualificado, roubo, tráfico ilegal de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
O caso se tornou público depois que o criminoso foi alvo de uma operação da Polícia Federal em Uberlândia (MG), em 14 de julho. Com ele, foram apreendidas sete armas: uma carabina calibre .22LR, um fuzil calibre 5.56, uma pistola calibre .22LR, uma pistola calibre .9MM parabelum, uma espingarda calibre .12GA, um revólver calibre 357 magnum e uma carabina calibre .9MM.
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