Lockdown deve valer para pelo menos quatro regiões que englobam 220 municípios. Medida vem após colapso da saúde em diversas regiões do estado e dificuldade dos municípios em adotar medidas de restrição de forma isolada
O governo de Minas deve anunciar na tarde desta quarta-feira a mais pesada medida restritiva no estado desde o início da pandemia. De acordo com a coluna de Camila Mattoso, na Folha de São Paulo, a medida, que pode equivaler a um lockdown, deverá valer para ao menos quatro regiões do estado, que abrangem cerca de 220 municípios.
De acordo com informações de políticos que estiveram com o governador Romeu Zema (Novo) no início da tarde desta quarta, diferentemente do que vinha sendo adotado, até então, a adesão dos municípios ao novo protocolo não será opcional, mas compulsória. Não se sabe, no entanto, quais regiões deverão entrar no protocolo mais restritivo.
Já segundo o Estado de Minas, o governo acrescentará ao ‘Minas Consciente’, o protocolo que norteia as medidas restritivas da pandemia no estado, a ‘onda roxa’, que permitirá apenas serviços essenciais, mas seria ainda mais restritiva que a ‘onda vermelha’, tida, até então, como a mais proibitiva.
O anúncio será feito durante coletiva de imprensa no prédio Tiradentes, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, às 15h30 desta quarta-feira.
Se confirmando o anúncio desta quarta, Zema tomará a frente das medidas de restrição no estado pela primeira vez e o fará depois de ser pressionado por prefeitos e deputados. Com o agravamento da crise de saúde e a incapacidade de os municípios adotarem medidas isoladas para conter a propagação da doença, criou-se um consenso no meio político de que apenas o governo estadual teria capacidade de coordenar a reação àquela que já é a pior fase da pandemia.
Prefeitura não anuncia medidas de restrição
Pouso Alegre é um claro exemplo da dificuldade dos municípios em lidar com a adoção de novas medidas de restrição, também por conta do impacto político da medida, mas especialmente pela necessidade que ela se dê de maneira coordenada em regiões de confluência.
A cidade chegou nos últimos dias à fase mais aguda da pandemia, com seu sistema de saúde à beira do colapso. Apesar disso, o prefeito Rafael Simões (DEM) não anunciou novas medidas de restrição como muitos esperavam.
A explicação para a postura pode estar ligada ao fato de os municípios já estarem em contato com o governo de Minas. Simões, inclusive, esteve em Belo Horizonte no final da última semana, e teve agendas com o governador.
Ontem, após anunciar que a cidade não tem mais capacidade de abrir novos leitos de UTI, por conta da falta de profissionais de saúde capacitados, o político deu o tom do que estaria por vir: “Não adianta Pouso Alegre fazer lockdown se as cidades vizinhas não fazem”, avaliou o político.
Para Simões, caberia aos governos estadual e federal liderarem medidas conjuntas de combate à pandemia. Nem o político, nem a prefeitura, informaram, no entanto, se foi feito algum tipo de gestão junto aos entes cobrando novas medidas.