Justiça determinou a suspensão das aulas presencias no município na última sexta-feira, mas escolas alegam que há dúvidas quanto à aplicabilidade da decisão para a rede privada. Questão foi levantada pela Procuradoria Geral do Município junto ao tribunal
Ao menos seis colégios particulares de Pouso Alegre mantiveram aulas presenciais nesta segunda-feira (08). O movimento ocorre mesmo após a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) na sexta-feira, 05, suspender os efeitos do decreto municipal que permitia a retomada das aulas presenciais no município.
De acordo com decisão monocrática do relator do caso na corte, o desembargador Alberto Vilas Boas, “somente com o controle da transmissão do vírus, após o aprofundamento de medidas restritivas, será possível restabelecer o funcionamento presencial das aulas nas escolas públicas e privadas no Município de Pouso Alegre”.
A rede municipal de ensino suspendeu as aulas nesta segunda-feira, 08. No entanto, parte dos colégios particulares optou por seguir com as aulas presenciais, alegando que há dúvidas quanto à aplicabilidade da decisão judicial para a rede privada.
O R24 apurou que as supostas dúvidas quanto à determinação do TJMG se referem, principalmente, ao fato de a decisão do TJMG ter sido uma resposta a um pedido de liminar do Sipromag, que representa apenas os profissionais da educação da rede municipal de ensino. Além disso, na ação que moveu, o sindicato pediu a suspensão das aulas apenas na rede municipal.
São exatamente os mesmos argumentos usados pela Prefeitura de Pouso Alegre nos embargos de declaração que impetrou no TJMG após a decisão de Alberto Vilas Boas. Na peça, o procurador Geral do Município, Demétrius Amaral Beltrão, pede esclarecimentos à corte sobre ao alcance da decisão.
“(…) da forma como redigido, gera dúvida quanto à sua abrangência, uma vez que não explicita se a tutela recursal concedida está circunscrita aos limites do pedido, isto é, à rede pública municipal de ensino, tendo em vista a representatividade do sindicato postulante, ou se tem efeito geral, alcançando também a rede privada, a rede estadual e de quais níveis de ensino (infantil, fundamental, médio e superior)”, aponta o procurador.
> Confira a íntegra do embargo declaratório
> Confira a íntegra da decisão do TJMG
Com base no mesmo argumento, ao menos seis colégios particulares de Pouso Alegre mantinham aulas presenciais nesta segunda-feira: o Anglo Pouso Alegre, Objetivo, Intelecto, Foch, Europa e Fênix.
O R24 entrou em contato com a prefeitura para saber qual a orientação do município para esses estabelecimentos após a decisão do TJMG, mas até a última atualização deste texto, não obteve o retorno. A informação será inserida assim que disponível.
Os colégios comunicaram aos país sobre a decisão de manter as aulas após a decisão do TJMG. Foi o caso do Anglo Pouso Alegre, uma das instituições mantidas pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS). Em um comunicado direcionado aos pais, o colégio informa: “como existe dúvida sobre a aplicabilidade ou não da referida decisão ao ensino privado, as aulas presenciais ficam mantidas até o esclarecimento da questão”.
Há dúvidas quanto à decisão do TJMG?
De fato, o Sipromag pediu a suspensão das aulas presenciais para a rede municipal, categoria a qual representa. Mas, na decisão do desembargador, além de suspender o decreto que autorizou o retorno das aulas presenciais em todo o município, Alberto Vilas Boas cita a rede privada em mais de uma oportunidade:


Ainda assim, a procuradoria Geral do Município quer saber se a decisão se estende à rede privada. O órgão, que é uma espécie de banca de advogados que, em tese, defende causas de interesse do município, utilizou os embargos de declaração para fazer o questionamento. Os embargos são um instrumento jurídico utilizado para esclarecer pontos possivelmente obscuros de decisões judiciais.
Na peça que remeteu ao TJMG, o procurador Demétrius Beltrão registra que o pedido de esclarecimento serviria para orientar o município no cumprimento da decisão judicial. Para dar guarida à tese da falta de clareza na decisão, o procurador cita um trecho em que o desembargador faz referência apenas à classe representada pelo Sipromag.
