
“Já são cinco dias sem água no bairro. A gente precisa acordar cedo para poder trabalhar, não tem uma gota de água. Como que a gente vai fazer? Já estamos entrando em estado de calamidade pública”. O desespero vivido nos últimos dias por Débora Machado, moradora do bairro Morumbi, em Pouso Alegre, pode virar parte do cotidiano de um número cada vez maior de pouso-alegrenses se nada for feito.
Isso por que a capacidade de produção e armazenamento de água da Copasa já não é suficiente para atender a demanda do município com segurança. Não por acaso, na segunda-feira, 25, a companhia anunciou a interrupção do abastecimento de água em 59 bairros da cidade. O motivo? O aumento do consumo de água por conta da onda de calor e o período de estiagem.
A fragilidade do sistema de abastecimento da companhia ficou evidente também em episódios recentes, quando furtos de fiação de seus equipamentos foram capazes de comprometer boa parte do abastecimento de água da cidade. Mais uma vez, a limitação de produção de água e armazenamento estaria por trás da lenta resposta da companhia no episódio.
Investimento de R$ 70 milhões
Na Câmara de Vereadores, o líder do governo na Casa, Reverendo Dionísio (União), afirma que a companhia fará investimentos de R$ 70 milhões para melhorar a oferta de água nos pontos mais vulneráveis da cidade, que são, em geral as partes mais altas.
“A ETA [Estação de Tratamento de Água] do Chapadão está produzindo, tornando portável, 180 litros de água por segundo, mas essa água não está sendo suficiente para atender o consumo. (…) A Copasa está para assumir o compromisso com os novos investimentos de passar a produzir bem mais água por segundo (…) o investimento prevê chegar a produzir 300 litros de água por segundo”, afirmou nesta terça o político.
Ainda de acordo com ele, em outra frente, a Copasa pretenderia dobrar a capacidade de seus reservatórios na cidade. “É uma conta matemática que qualquer um entende. Se eu tenho mais água estocada, já produzida e bombeada para chegar na casa do cidadão, eu vou ter mais condições de corrigir o problema lá na base antes que o cidadão lá da ponta fique sem água”, prossegue o político.
Também segundo o líder do governo, a Copasa já comprou um terreno para construir uma nova estação de tratamento e estaria com a licitação das obras em andamento.
O R24 entrou em contato com a Copasa para saber como a companhia pretende resolver a falta d’água nos bairros da cidade, mas, até o fechamento deste texto, não obtivemos retorno. Se houver resposta, ela será incluída na reportagem.
‘A Copasa não tem água para entregar’
Enquanto o líder do governo avalia que o problema está para ser solucionado, o ceticismo toma conta de outros vereadores. É o caso de Dr. Edson (Cidadania). Para ele, a falta d’água constante na cidade se deve ao simples fato de que a companhia não tem água para entregar.
“Eu não estou dizendo, eu estou afirmando: a situação da falta d’água vai piorar e muito no município. A Copasa está sem capacidade de tratamento de água para fornecer para Pouso Alegre. A verdade é essa. A Copasa não tem o essencial, não tem água, não consegue tratar quantidade suficiente de água para abastecer a população”, disparou o vereador.
Na sessão desta terça-feira, 26, os vereadores aprovaram um requerimento de autoria do parlamentar para realizar uma sessão itinerante no bairro Morumbi. Além de se reunir com os moradores, eles esperam poder contar com as presenças do prefeito Cel. Dimas (PSDB), do Ministério Público e representantes da Copasa.
Apesar da mobilização, parte dos vereadores duvida dos resultados, já que a Casa já moveu uma CPI contra a Copasa, na qual apontou diversas irregularidades e, desde então, a Justiça não se movimentou a respeito. Além disso, o município já move uma ação judicial na qual tenta romper o contrato de concessão com a companhia, mas o processo está parado na segunda instância.
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