A menos de um ano das eleições municipais, que ocorrerão em 6 de outubro de 2024, o grande público ainda trata a disputa como um cenário longínquo. Nos bastidores da política local, porém, fervilham as articulações para as alianças que vão ajudar a definir o nome do próximo prefeito de Pouso Alegre.
O R24 ouviu lideranças das principais correntes políticas da cidade ao longo dos últimos dias e traz um levantamento exclusivo sobre os nomes considerados para serem os candidatos desses grupos nas eleições do ano que vem.
Confira a seguir os principais grupos políticos organizados para disputar o pleito de 2024 e quais nomes eles consideram para liderar seus projetos (quer pular toda a história? Confira os nomes e perfil resumido dos possíveis candidatos ao final do texto):
O governo atual
O grupo que hoje ocupa o poder com o prefeito Cel. Dimas (PSDB) já está fechado com a reeleição do militar da reserva. O que faz do atual prefeito o único nome consolidado para as eleições do ano que vem. Na prática, será a primeira disputa eleitoral de Dimas como cabeça de chapa, já que ele concorreu na última eleição como vice de Rafael Simões (União) e herdou a prefeitura quando, o agora deputado federal, deixou o cargo para disputar uma vaga na Câmara Federal.
Desde a eleição de Simões para o congresso, no entanto, ocorreu aquele que pode ser o fato político mais relevante dos últimos meses na cidade. Cel. Dimas e Rafael Simões romperam depois de caminharem juntos por anos.
O motivo da cisão nunca ficou totalmente claro, mas o grupo de Simões passou a se queixar de que o prefeito Cel. Dimas teria substituído nomes chaves da gestão anterior e não teria dado continuidade ao projeto eleito nas urnas. De seu lado, o governo Dimas afirma que todos os projetos herdados estão tendo o andamento devido.
O fato é que o rompimento bagunçou o xadrez eleitoral em Pouso Alegre. Do racha, saíram dois grupos que podem travar a principal disputa pela prefeitura no ano que vem. No momento, eles duelam nos bastidores pela conquista de apoios, com foco especial em movimentos conservadores e representantes da direita, centro-direita e agro.
O grupo de Dimas afirma já ter apoio de partidos como o Republicanos, Novo, PSDB, Avante, PSD e MDB, além de ter com eles 12 dos vereadores com mandato na atual legislatura da Câmara Municipal. Também estaria garantido o apoio de dois cabos eleitorais de peso: o senador Cleitinho (Republicanos) e o governador Romeu Zema (Novo).
Grupo de Simões
Depois de uma eleição consagradora para deputado federal, com 144,9 mil votos, o ex-prefeito e hoje deputado federal Rafael Simões de um inusitado cavalo de pau em Pouso Alegre: rompeu com Cel Dimas, aquele que fora seu braço direito nos últimos anos, e posicionou seus principais aliados na oposição ao atual governo.
Desde o rompimento, Simões promoveu uma intensa articulação com lideranças locais e tratou de engordar a base de filiados ao União Brasil na cidade, buscando representantes do agro, empresariado e lideranças jovens. Essa primeira costura tem como foco garantir uma chapa de vereadores competitiva para 2024.
Mas e os nomes para prefeito? Com uma densidade eleitoral poucas vezes vistas em Pouso Alegre, o apoio de Rafael Simões sempre foi tido no meio político como potencialmente capaz de eleger um candidato. Nos últimos meses, porém, com a administração Dimas bem avaliada por pesquisa internas, essa certeza virou dúvida. Há ainda o fato de que Simões não terá apenas a eleição de Pouso Alegre para se preocupar, mas dezenas de cidades da região onde está agora sua base eleitoral.
É nesse cenário que o grupo do deputado federal avalia quatro nomes para concorrer à Prefeitura de Pouso Alegre: o presidente da Câmara, Leandro Morais (PSDB), o vereador Bruno Dias (União), o comerciante e empresário Jair da Agropecuária e a esposa do deputado, Ana Simões. Neste último caso, porém, haveria um impedimento legal na legislação eleitoral pelo fato de Ana ser casada com Simões (a lei eleitoral veda a sucessão por cônjuges), que exerceu seu segundo mandato como prefeito até a renúncia, em março de 2022.
As quatro possibilidades revelam um cenário de indefinição no grupo de Simões. A incerteza ganhou corpo depois que o deputado estadual Dr. Paulo (Patriota), tido inicialmente como nome mais provável do grupo, desistiu de partir para a disputa.
O PL, de Bolsonaro
Se o ex-prefeito e o atual disputam apoios na direita, eles certamente gostariam muito de receber o endosso do Partido Liberal, sigla que hoje abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado cabo eleitoral decisivo em Pouso Alegre, onde obteve 51,9% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais.
As lideranças do partido na cidade dizem que foram procuradas pelos dois grupos, mas que ainda não tem nada decidido até o momento. Está em aberto, inclusive, a possibilidade da legenda lançar candidatura própria.
Pesará no posicionamento a diretriz do PL nacional. Apoiado na imagem do ex-presidente, Waldemar Costa Neto, o presidente do partido, quer lançar nomes em 3 mil cidades do país e espera vencer em pelo menos 1 mil delas. Municípios de médio porte como Pouso Alegre, com orçamento de R$ 1 bilhão por ano, certamente não passará despercebido pela cúpula dos liberais.
O plano do PL já está em curso. Michele e Jair Bolsonaro têm rodado o país nos últimos meses. A ideia do partido ao ligar sua imagem ao casal é se consolidar como representante conservadorismo nacional, uma espécie de Partido Republicano tupiniquim.
“Nesse momento, o PL está independente, em constante avaliação das tratativas, que ainda continuam com os dois lados que nos procuraram”, conta uma das lideranças do partido na cidade, o advogado Wilson Marcos Santos.
O PT, de Lula
Correndo por fora, os partidos da ala progressista também não têm um nome definido para a disputa eleitoral. A principal força desta ala é representada pela federação que reúne os partidos do PT, PCdoB e PV.
O grupo ainda tenta lidar com o estigma que paira sobre a herança do ex-prefeito Agnaldo Perugini e o antipetismo arraigado em Pouso Alegre. Ainda assim, tentará reconquistar espaço na política local apoiado, principalmente, na figura do presidente Lula (PT). Mesmo com a rejeição local do partido, no segundo turno de 2022, Lula obteve 38% dos votos do município.
Com esse copo meio cheio, a federação de partidos avalia ao menos quatro possibilidades: o médico Dr. Antônio Marcos Coldibelli (PT), a psicóloga Maria Tereza (PT), o ex-vereador André Prado (PV) e até mesmo o nome do ex-prefeito Agnaldo Perugini, que ainda manteria uma base fiel na cidade, apesar do processo de erosão que seu nome enfrenta desde que concluiu seu último mandato, em 2016.
O campo progressista ainda conta com a Federação Rede-Psol. Na última eleição, as siglas estavam separadas. No pleito de 2020, o Psol lançou a candidatura do professor Luiz Carlos, enquanto a Rede permaneceu neutra.
A federação deve se reunir em dezembro para definir seu posicionamento na cidade. “Ainda não discutimos eventuais candidatos, mas está tudo em aberto. Podemos ter candidatura ao executivo ou podemos fazer aliança, desde que não seja com candidatos que fazem parte da base do ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirma o professor Luiz Carlos.
Outros candidatos
Além dos nomes citados pelas correntes políticas mais influentes na cidade, há pelo menos outros dois que são cogitados e poderiam receber apoios de forças políticas do centro e alas progressistas. Ambos estão hoje abrigados no Cidadania, mas nada impede que mudem de sigla até a janela partidária de abril do ano que vem.
São eles: o advogado Valdomiro Vieira e o vereador e também advogado Dr. Edson. Valdomiro é mais próximo do campo progressista e tem tido seu nome ventilado de forma recorrente nas últimas eleições, mas não chegou a concorrer em nenhuma delas.
Já o vereador Dr. Edson está em seu segundo mandato na Câmara. Em 2016, ele foi eleito pelo PSDB, mesmo partido que abrigava Rafael Simões à época. Quatro anos depois, ele foi reeleito pelo Cidadania. Ao longo de seus dois mandatos manteve postura independente e crítica à gestão Simões e, agora, á administração Dimas.
Conheça os possíveis candidatos a prefeito de Pouso Alegre em 2024:
> Coronel Dimas

Quem é? Coronel da reserva da PM e atual prefeito de Pouso Alegre.
Partido: PSDB
Grupo: governo atual
> Leandro Morais

Quem é? Presidente da Câmara de Vereadores de Pouso Alegre. Vereador em segundo mandato.
Partido: PSDB
Grupo: ligado ao deputado federal Rafael Simões
> Bruno Dias

Quem é? Professor e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Pouso Alegre. Vereador em segundo mandato.
Partido: União Brasil
Grupo: ligado ao deputado federal Rafael Simões
> Jair da Agropecuária

Quem é? Empresário e comerciante, é dono de uma loja agropecuária tradicional da cidade.
Partido: sem partido
Grupo: cortejado pelo grupo ligado ao deputado federal Rafael Simões
> Ana Simões

Quem é? Empresária, produtora rural e esposa do deputado federal Rafael Simões.
Partido: União
Grupo: ligado ao deputado federal Rafael Simões
> Dr. Antônio Marcos Coldibelli

Quem é? médico e político.
Partido: PT
Grupo: Federação PT-PCdoB-PV
> Maria Tereza

Quem é? Psicóloga e política. Embora não eleita, foi a candidata a vereadora mais votada nas eleições de 2020
Partido: PT
Grupo: Federação PT-PCdoB-PV
> André Prado

Quem é? Empresário e ex-vereador. Foi candidato a prefeito pelo PV em 2020.
Partido: PV
Grupo: Federação PT-PCdoB-PV
> Agnaldo Perugini

Quem é? Ex-prefeito de Pouso Alegre, governou a cidade entre os anos de 2009 e 2016.
Partido: PT
Grupo: Federação PT-PCdoB-PV
> Valdomiro Vieira

Quem é? Advogado renomado em Pouso Alegre.
Partido: Cidadania
Grupo: Próximo à ala progressista da cidade
> Dr. Edson

Quem é? Advogado, está em seu segundo mandato de vereador.
Partido: Cidadania
Grupo: Próximo aos grupos de centro-direita.
Sobre o autor: Adevanir Vaz é jornalista e editor do R24.
Os artigos publicados em ‘Opinião’ e ‘Colunas’ não refletem, necessariamente, o ponto de vista do Rede Moinho 24.
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