O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar réu pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro o pouso-alegrense Juliano Seabra, de 56 anos. O ex-sargento da Polícia Militar foi tornado réu junto de outras 244 pessoas denunciadas pela Procuradoria Geral da República.
Este foi o quarto bloco de denúncias analisadas pelo STF, que, confirmando a decisão, terá tornado réus pelos atos de 8 de janeiro um total de 795 pessoas.
Ao todo, a PGR já denunciou 1.390 pessoas por participação nos ataques a Brasília. O conjunto de denúncias abrange crimes como associação criminosa, golpe de estado, deterioração de patrimônio tombado, dano qualificado e incitação ao crime.
Uma vez tornados réus, os acusados vão responder judicialmente pelos ataques antidemocráticos.
Quem é Juliano Seabra
Juliano Seabra de Vasconcelos tem 56 anos e é ex-2º sargento da Polícia Militar de Minas Gerais. De acordo com o 20º BPM de Pouso Alegre ele faz parte dos quadros de veteranos da corporação. Há, ao menos, dois registros públicos mais evidentes de sua atuação como policial.
Em 2013, ele recebeu uma moção de aplauso da Câmara Municipal de Santa Rita do Sapucaí por sua atuação como militar. Por outro lado, em 2018 ele respondeu a um processo na Justiça Militar.
Outro pouso-alegrense começa a ter denúncia analisada
Após julgar o quarto bloco de denúncias, o STF se debruça, a partir desta terça-feira, 16, sobre o quinto bloco de denúncias. São mais 250 pessoas que podem se tornar rés, entre elas o pouso-alegrense Douglas Augusto Pereira, de 33 anos.
De acordo com reportagem publicada em 17 de março pelo Portal Uol, Douglas contou em depoimento à Polícia Federal que recebeu dinheiro para participar dos atos de 8 de janeiro em Brasília.
Segundo o depoimento de Douglas à PF, ele teria feito relacionamento com os manifestantes pró-golpe quando se juntou a eles em um acampamento montado em frente ao 14° Grupo de Artilharia de Campanha do Exército em Pouso Alegre.
Depois de algum tempo, ele recebeu o convite para ir à Brasília. “Os acampados no quartel planejavam participar de um ato antidemocrático convocado nas redes sociais para o dia 8 de janeiro contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem trabalho, Douglas topou a oferta quando soube que receberia dinheiro para viajar: aproximadamente R$ 1.200, em dinheiro vivo e em transferências via pix”, informa a reportagem de Aguirre Talento.
O portal publicou um trecho do depoimento de Douglas para corroborar a história. Segundo o que teria sido registrado pela PF, o pouso-alegrense declarou que “o pessoal que estava acampado em frente ao 14° GAC, em Pouso Alegre/MG, realizou uma ‘vaquinha’ para arrecadar recursos que custearam a vinda do interrogado”.
Ainda de acordo com os registros da PF, ele teria dito que “recebeu, aproximadamente, R$ 1200,00 (mil e duzentos reais) em espécie e PIX”. A PF quis saber quem eram os financiadores, ao que Douglas repondeu ter recebido “os recursos de diversas pessoas, não tendo uma responsável pela arrecadação”.
De acordo com a reportagem, com base nos depoimentos aos quais o Uol teve acesso, o caso de Douglas não seria isolado. Inúmeras outras pessoas que participaram dos atos de 8 de janeiro alegam terem recebido dinheiro ou transporte gratuito para irem até à capital federal.